Tem que ser agora!
Sinto que o tempo urge e se não for agora nunca mais será.
Chegou a hora de me fazer a vontade, a mim e aos meus impulsos egoístas, egocêntricos e ego-maníacos. Que seja. Chegou a hora.
É tanta a vontade de escrever que me sinto sufocar. São tantas as ideias que me sinto atrapalhar nos pensamentos, situações, cenários, contextos e personagens. Os dedos parecem não ser suficientes para acompanhar a alegoria de situações que me passam diante dos olhos. É tal a sofreguidão pela escrita que as palavras me parecem falhar. Após meses de escassez crítica e criativa parece-me que o vocabulário se escoou pelo buraquinho da varanda com as primeiras chuvas.
A insegurança é cada vez maior e sinto-a engolir-me em toda a sua plenitude e arrogância.
A crítica suga-me o impulso de escrever, pois receio até às entranhas não ser bem sucedida, não ser bem compreendida.
Temo não fazer jus às lindas histórias que formulo dentro da cabeça e cozinho junto ao coração.
Pobre de mim. Pobre diaba a quem não podem dar uma réstia de esperança que logo a transforma num projeto de vida, no mínimo, num plano de sucesso para muitos meses.
A leitura e a escrita surgem na minha vida como amores primeiro e último. São o meu refúgio, a minha casa, a minha tentação, a minha desgraça.
Anseio pelo momento em que me sento em frente ao computador e os cozinhados que andei a formular durante meses começam a ganhar cor, cheiro e sabor. Este é um momento mágico, um momento lindo que me enche o coração de sonho, de alegria e de esperança. Comove-me pensar que escrevo e porque escrevo. Escrevo para mim, escrevo para os outros mas sobretudo, escrevo por mim. Sim, agora escrevo por mim e para mim. Se aos outros agradar, tanto melhor. Não escrevo pela sede de ganho, de proveito monetário. Escrevo porque amo de paixão as palavras, as personagens, os cenários e as situações, que aqui são facilmente resolvidas.
Por isso, e mesmo sentindo-me esmagada e completamente "trocidada" por uma insegurança que me desmembra lenta e profundamente, escrevo. Vou continuar a escrever, a sentir as palavras à minha maneira, da minha maneira, por mais confusa e torta que seja. Vou continuar. Tem de ser agora.
Call me Alice!