segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

De quando gostamos

A propósito deste post,
 
Querida amiga, já te disse, não tens do que te desculpar. Ansiávamos por este dia há tanto tempo que tudo se intrometeu entre nós. O imenso trabalho de final de período, o trânsito, as compras, as horas mal dormidas, o ballet e os tules, os narizes entupidos, ... mas não te preocupes, tudo faz parte do pacote, do NOSSO pacote.
 
Já to disse e volto a afirmar, não tens do que te desculpar. Todas as minhas expectativas foram cumpridas. Se não, repara:
- Queria abraçar-te: Check!
- Queria estar com a Manhy: Check!
- Precisava conhecer a Sal: Check!
- Estava necessitada de comida: Check (efetivamente deste-me de comer e ainda nos lambuzámos com um quê? Ah, pois, é melhor não dizer...)
- Ansiava pelas nossas gargalhadas: Check!
- Queria sentir-me novamente em casa: Check!
- Lavei a loiça: verdade. Na companhia da tua Manhy, que me deu toda a atenção e mais alguma. Que me ajudou a arrumar a loiça da máquina, que me fez sentir muuuiiiito importante. Não te esqueças de acrescentar à lista que estou a fazer dela dona de casa, também.
- Estivemos a desenhar no quadro COM GIZ. Foi mais um momento de prazerosa cumplicidade.
Estive sentada a assistir a um filme com a Manhy (não me perguntes qual, ela deve saber) e que bem que me soube aquele bocadinho.
- Ajudei-te com o relatório? Verdade. Quantas vezes não me ajudas tu?!? Com a atenuante de que estava cheia de energia. Nada como uma noite sem dormir e toneladas de chocolate a ajudar.
 
Por isso, querida amiga, quando penso no nosso jantar de Natal, só me ocorre esboçar um rasgado sorriso. Saí de tua casa de coração cheio.
Podes não compreender, mas antes de aí chegar, já me sentia num elemento familiar. Enquanto percorria as estradas de Mafra estava, não sei explicar bem como, a sentir-me feliz. Sentia já uma doentia saudade daquele verde, daqueles edifícios, daquele microclima. Tudo me era familiar. Tudo era mais bonito do que me lembrava. A desgraça faz-nos isto!
E a volta não foi menos lamechas. Aproveitei cada quilómetro de silêncio. Observei cada luzinha por entre a estrada que serpenteava. E que bela visão aquela. O azul-noite foi meu amigo e ofereceu-me uma noite clara e estrelada. Fria e promissora. Tive pena de não poder manter aquela contemplação por mais tempo. Tive pena que entretanto se aproximasse a autoestrada e o IC19. Tive mesmo muita pena. Por mim, deleitava-me com aquela paisagem e sorvia aquela sossego até amanhecer. Mas no dia seguinte, havia que fazer as malas para regressar.
Em jeito de conclusão, abracei Mafra e abracei-te a ti. Ela fez-me feliz e tu deixaste-me, mais uma vez, feliz. Ela fez-me rir, tu provocaste-me o riso. Coisas caras por aqui.
Querida amiga, não deixes nunca de ser quem és. É no teu coração, na tua honestidade e nas tuas fraquezas que estão as tuas maiores virtudes. Não temas ser diferente ou menor. É na tua unicidade que está a tua grandiosidade. Nunca te esqueças disso sim?
Gosto de ti e de tudo o que trazes na mochila!
 
 

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Carimbos

Está aberta a época oficial do carimbo. Odeio-a. Odeio-a pura e simplesmente.
Eu, ser de dúvidas abertas e profundas, sinto-me andorinha que se esqueceu de migrar quando a época oficial do carimbo é aberta.
São dias de um mostra a camisola pra te estampar um "Bom" ou te marcar com um "Insuficiente". Para te engalanar com um "Muito Bom" ou te massacrar com um "Suficiente", que tanto poderá ser pintado a vermelho, sinal de perigo eminente ou pincelado a verde, esperança num carimbo real no próximo período.
Odeio esta época de marcação e precoce definição de potenciais bons/maus alunos.
O trabalho letivo é tão mais do que um carimbo, uma estampa na janela, vitrine de vaidades ou vergonhas. É um infinito leque de ações, voltas e reviravoltas, avanços e retrocessos, dúvidas e certezas, hipóteses em estudo, premissas que poderão ou não ser afirmadas como certezas e mesmo estas, sempre passíveis de reformulação...
É tão fácil e claro quando se nos apresenta um grupo coeso, uniforme, estável. Uma bela e estudada ilustração à qual foram oferecidas desde cedo todas as condições, todas as cores, todos os planetas. E os outros? Aqueles que só conhecem Mercúrio e nunca viram as luas de Saturno? Aqueles que se veem sozinhos, confusos, violentos e violentados? Olhando-se e acreditando-se anormais?
 Mas, o que é normal hoje em dia? Quem são os bons alunos? Aqueles que cumprem com todos os requisitos, aqueles que se adequam ao perfil? Ou aqueles que não se enquadram em nenhum dos modelos mas nos quais vislumbramos potencial, reconhecemos valências? Progressos que mesmo não deixando de ser pequenas vitórias, não deixam de ser insuficientes perante a lista de competências exigidas para que se enquadrem em determinado perfil.
Mundo estático, inflexível e cruel este, que exige tanto à infância e à condição de menino. Que ordena, impõe padrões que jamais se adequarão a mentes inquietas e corações esfomeados.
É duro ser-se adulto-criança e mais duro ainda ser-se criança-adulta. É quase impossível ser-se Frederico e conseguirem-se ver morangos num céu sempre cinzento.
É duro ser-se Pai mas não deixará nunca de ser difícil ser-se Professor. Conseguiremos nós continuar a sonhar e a acreditar? Conseguiremos continuar a ser construtores de castelos? Ou passaremos definitivamente a ser... carimbadores?

domingo, 7 de dezembro de 2014

Hoje

Hoje é dia de passeio,
Hoje é dia de visita.
A mochila fica arrumada,
que sensação mais esquisita.
 
Vou ligar a confirmar.
Foram tantos dias a adiar...
longos dias de inverno,
não vá a comunicação falhar.
 
Não sei o que usar...
Vou vestir-me de cristal,
usar o meu melhor sorriso,
quero muito beijar e abraçar.
 
Prepara o meu copo,
já lhe reconheces as propriedades.
Por favor, não te contenhas,
não sou feita de vaidades.
 
Hoje é dia de passeio,
Hoje é dia de visita.
Vou já aprontar-me,
que o meu coração suspira e saltita.
 
Hoje é dia de passeio,
Hoje é dia de visita...