Hoje foi dia de mercado. Apesar da chuva e do céu enfarruscado, a feira estava como sempre, bela, colorida, fresca, vibrante, cheia de vendedeiras das quatro estações. E é precisamente isso que me faz gostar de lá ir. Adoro um belo mercado, adoro os vernáculos, adoro o amontoado de gente que me permite passear vestida de transparência e observar incolumemente toda aquela dinâmica.
Acredito mesmo que será aquela dinâmica viva, vibrante, de homens e mulheres fortes e eloquentes que me fazem gostar de frequentar as feiras e os mercados deste nosso país.
Além do que, sempre que lá vou encontro-me com novas aprendizagens. Regresso a casa cheia de novos conhecimentos, senão vejamos,
- emocionei-me ao perceber que as vendedoras antecipam a chuva pelo cheiro do vento ou o gemido das folhas de alface. Como eu invejo essa capacidade.
- vibrei ao perceber que nestes meses que estive afastada novas espécies frutícolas vingaram nos campos e, eis senão quando me deparo com elas, frescas, sumarentas e viçosas nas bancas do mercado:
Era maçã "fugio", maçã "starke" e maçã "ranheta" por todo o lado. Ainda andei à procura das velhas versões, continuo a ser muito avessa à novidade, mas lá tive de me render aos avanços da ciência linguística.
- morangos espanhóis que me juravam serem portugueses. Não é que os sacanas até me conseguiram apresentar cartão de cidadão válido? Incrível!
Passemos então à súmula da manhã:
Como orgulhosa observadora de comportamentos, atitudes e procedimentos passei uma manhã esplendorosa.
Como apreciadora de legumes e frutas de toda a espécie, deliciei-me com os cheiros e as cores que uma manhã de chuva consegue fazerem brilhar ainda mais.
Como exploradora de novos vocábulos, devo dizer que estava nas minhas quintas. Era palavra, palavrinha e palavrão para todo o lado. Voavam supressões, adições e modificações de sílabas por todas as bancas.
Este foi sem dúvida um episódio que me divertiu imenso e me fez sair um bocadinho do casulo onde tenho andado escondida.
Este foi sem dúvida um episódio que me divertiu imenso e me fez sair um bocadinho do casulo onde tenho andado escondida.
Para a semana, se puder, volto lá. Desta vez com um caderninho para não me esquecer de nada importante.