Hoje estou em modo Joker. Apetece-me muito rir, mas não pelos melhores motivos. Apetece-me disparatar, gozar, apontar o dedo, escarnir e outras coisas más que geralmente reprovo. Mas este é o meu momento de glória. É quase assim um momento de enorme esclarecimento e lucidez e por isso vou gozar desta consagração "à grande e à francesa". Que me desculpe toda a gente, mas tem de ser.
Hoje bati com os olhos num livro. Um livro que eu queria muito ler mas o orgulho não me permitia fazê-lo. Contudo, hoje foi o dia em que tudo aconteceu. Estava o dito enlevado sobre um pedestal quase invisível, imponente, orgulhoso de si, tal como um bom livro deve estar. Movida pela curiosidade [que muitas vezes me lixa] pedi para o ler. Percorri o edifício em direção à minha sala de olhos cravados naquele texto. Tentando sorver todas as palavras, todas as ações, esperando ansiosa por um enredo seguido de um desfecho que me arrebatasse. Estava disposta a tombar de nariz no chão só para poder usufruir daquele momento único que me faz quase ter um orgasmo literário. Mas esse momento não chegou. Voltei a ler a última página, e a penúltima e a antepenúltima, não fosse ter-me escapado o essencial pelo caminho. E nada. Mesmo nada. Apenas um enredo assim-assim, meia leca e treca, sem emoção, sem pica, sem twist, sem riso, sem surpresa. É isso... sem surpresa. Só assim... uma cena banal. Mais uma história do tempo do arroz doce já frio.
Fiquei triste. E desiludida. Ainda andei à procura do que tinha perdido, mas depois descobri que o que procurava não estava lá. É pena.
Mas ao mesmo tempo, dá-me um gozo tão grande descobrir isso. Ai que grande gozo me dá. Fico assim com um sorriso maior que o do Joker e a maldade sobe-me à menina dos olhos. Maldade daquela boa, daquela que me fez sofrer muito mas que aprendi a usar para crescer.
Feliz Halloween para tod@s!