quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

A minha Magui

Hoje sinto uma urgente necessidade de falar da minha Magui, a minha mãe. Não tenho por hábito falar dela. É-me demasiado, é o meu tudo e por isso nem sequer gosto muito de falar sobre ela. No que a ela diz respeito, sinto uma onda de profundo e enorme egoísmo. Quero-a só pra mim, apesar de raramente a ter só para mim. Muuuiiito raramente a tenho só pra mim, mas quando tenho, cada segundo vale por mil anos. Por isso não me vou alongar demasiado nas palavras, tenho medo que a gostem demasiado, e isso me tome mais um bocadinho de si.
A minha Magui é a pura e autêntica mãe-rochedo. O outro lado da minha alma. A cor que os meus olhos ganham nos dias de sol. O quente do meu inverno e a brisa fresca do meu verão. Ela é, ao mesmo tempo, amor e reprimenda. O meu doce de morango e o meu limão amargo, mas sempre amarelo e perfumado limão. Com ela não preciso de grandes explicações, demorados monólogos, extensos tratados de queixas e reclamações. Não temos tempo pra isso. Não precisamos sequer de tempo pra isso. Ela, que nunca foi de beijinhos e abraços sempre me soube dar um amor maior de todos, o carinho e o colo que me sente precisar, mesmo que eu acredite piamente que não o necessito.
A minha Magui tem a capacidade de sentir dores que fazem rir e sorrir autênticos mares de chuva. É uma mulher-vulcão, aquela. Uma mulher-paixão. Uma mulher-compreensão. Uma mulher-enciclopédia, apesar de não ter feito mais do que a 4ª classe. 
Sonhava ser enfermeira, mas a vida levou-a a ser outra coisa, a percorrer outros caminhos, os meus caminhos. A guiar-me pelo melhor caminho. A fazer-se presença quando me perco ou me distraio. A amparar-me em cada queda, em cada perda, em cada vitória. A enaltecer e espalhar as conquistas que teimo em guardar. Essa é ela, a mulher-mãe-amor-força-guerreira de luz. 
Hoje, sou eu que tenho que estar lá pra ela. Hoje e sempre, porque eu sou aquilo que ela é, aquilo que as suas histórias me ensinaram a ser, aquilo que os seus conselhos me levaram a fazer. Hoje e sempre, sou ela.